Com a aprovação da Reforma Tributária no Brasil, o ambiente fiscal do país está entrando em uma nova era. A proposta promete simplificação, transparência e racionalidade na cobrança de tributos, mas também impõe desafios significativos de adaptação e conformidade para empresas de todos os portes.
Nesse cenário, o compliance tributário deixa de ser uma prática recomendada para se tornar uma condição indispensável de sobrevivência empresarial.
O novo mapa tributário do Brasil
A Reforma prevê a substituição de cinco tributos (PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS) por dois novos impostos sobre valor agregado:
- CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), de competência federal;
- IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), de competência estadual e municipal.
Além disso, será criado um Imposto Seletivo para desestimular o consumo de produtos nocivos à saúde e ao meio ambiente.
A implementação será gradual até 2033, com regras de transição complexas. Durante esse período, empresas terão que lidar com dois sistemas tributários simultaneamente — o atual e o novo — aumentando a necessidade de controle e análise crítica.
Os riscos da não conformidade na transição
Empresas que não se prepararem para o novo modelo tributário podem enfrentar:
- Apurações incorretas, devido a mudanças em regras de cálculo e regimes de tributação;
- Erros em obrigações acessórias, como classificações fiscais e declarações inconsistentes;
- Desatualização de sistemas ERP, que precisarão ser reconfigurados para o novo padrão;
- Multas e autuações fiscais, com base em cruzamentos de dados cada vez mais automatizados.
Nesse contexto, o compliance tributário se torna o eixo central da estratégia fiscal.
O que muda no compliance com a Reforma?
O novo modelo exige que as empresas adotem práticas de compliance mais modernas, com foco em:
- Auditorias constantes da base fiscal e contábil;
- Padronização de procedimentos internos;
- Capacitação contínua da equipe fiscal;
- Monitoramento da legislação e seus desdobramentos setoriais;
- Relacionamento mais técnico com o Fisco e entes reguladores.
A complexidade da transição exige um modelo de governança fiscal mais robusto e participativo, com o envolvimento direto da alta gestão, controladoria e área contábil.
Contabilidade consultiva: aliada do compliance no novo cenário
Mais do que um executor de guias e declarações, o contador assume papel de consultor estratégico na transição tributária. Isso inclui:
- Realizar diagnósticos tributários com base no impacto da reforma;
- Conduzir o replanejamento fiscal e societário, aproveitando os benefícios e evitando riscos;
- Adaptar sistemas e processos internos de acordo com as novas regras;
- Acompanhar testes paralelos de apuração, para garantir que a transição seja segura e validada antes da obrigatoriedade.
Empresas que contam com uma contabilidade proativa e analítica terão maior capacidade de adaptação e menos impactos negativos durante e após a reforma.
O que sua empresa pode fazer agora?
- Inicie um mapeamento completo do cenário tributário atual;
- Implemente ferramentas de compliance fiscal e análise de riscos;
- Capacite suas equipes com treinamentos específicos sobre a reforma;
- Revise contratos, preços e estrutura operacional sob a ótica dos novos tributos;
- Tenha um parceiro contábil preparado para atuar de forma consultiva.
A reforma é inevitável — o impacto, não
A Reforma Tributária representa uma guinada na maneira como o Brasil trata a tributação sobre o consumo. Ela vem para simplificar, mas sua transição será tudo, menos simples. Empresas que adotarem uma postura passiva diante das mudanças tendem a arcar com custos operacionais e riscos fiscais elevados.
Já aquelas que investirem em compliance tributário desde já estarão preparadas para crescer com segurança, previsibilidade e vantagem competitiva.